Qualquer procedimento em medicina tem o seu risco; mesmo ingerindo uma simples vitamina, dependendo da dose ingerida e das suas atuais condições clínicas, pode ser perigoso. Com as cirurgias não é diferente. Logicamente, há vários tipos de procedimentos cirúrgicos com diferentes riscos já previstos, desde os realizados em consultório com anestesia local (em creme ou injetável) até aqueles que duram 12 horas ou mais, realizados com uma equipe que pode ter mais de dez profissionais ao mesmo tempo.
Na grande na maioria das vezes, o cirurgião não conhece / acompanha o paciente previamente, ou seja, não tem elementos para definir qual a escala de importância entre os seus medicamentos utilizados (mesmo que eventualmente) ou de doenças que porventura você já conheça e, principalmente, a cirurgia não é a especialidade médica treinada para investigar possíveis novas patologias clínicas não conhecidas, mesmo pelo próprio paciente.
Por isso é necessário a realização do Risco Cirúrgico pelo Cardiologista. Ele consiste na avaliação do porte (tamanho) da cirurgia, tipo de anestesia proposta (geral, loco regional ou local com sedação), na anamnese e realização de exame físico (feito na consulta médica propriamente dita), onde são pesquisadas as suas atuais condições clínicas, suas patologias e possíveis alergias conhecidas e as ainda não conhecidas, os medicamentos de uso contínuo (ou eventual), suas possíveis interações com os anestésicos a serem utilizados durante a cirurgia e, tão importante quanto todo o resto, o momento certo de parar (ou não parar) cada medicação por você utilizada, mesmo que isso aumente um pouco o risco do ato cirúrgico imediato, desde que reduza efetivamente a possibilidade de descompensar uma possível doença crônica que você possua, resultando no aumento do risco cirúrgico propriamente dito, que não termina com a sua saída do centro cirúrgico, indo por vezes até o primeiro mês de pós-operatório, já em casa, logicamente dependendo do porte e tipo de cirurgia.
A avaliação dos exames solicitados pelo cirurgião e levados à consulta, do eletrocardiograma realizado na hora e, porventura, a realização de outros exames que o Cardiologista julgar necessário no seu caso, se juntam ao anteriormente descrito, a fim de calcular o seu Risco Cirúrgico, através de escores já há muito testados e validados. Por vezes, uma cirurgia eletiva (a agendada previamente) pode ser atrasada em alguns dias para equilibrar melhor uma alteração nova ou só vista nessa consulta de avaliação do risco (que pode ser um estado gripal ou uma infecção urinária, apenas para citar dois exemplos simples e frequentes), tudo visando reduzir as chances de complicação de um ato cirúrgico, que sempre poderão existir, mesmo naquele paciente “sem doença crônica e que não usa medicamentos continuamente”.
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