A resposta é sim, hoje temos conhecimento e medicamentos que podem reduzir efetivamente as chances de um segundo infarto. Se você tem algum fator de risco para desenvolvimento dessa doença, já conhecidos desde a década de 70 do século passado, mas até há pouco tempo interpretado de maneira incompleta e consequentemente inadequada, ou seja, se algum familiar seu do sexo masculino com menos de 55 anos ou do sexo feminino com menos de 65 anos teve infarto (a chamada história familiar positiva para doença coronária); se você tem diabetes mellitus (glicose alterada), hipertensão arterial sistêmica (pressão alta), se fuma, é sedentário e/ou estressado em demasia, seu risco será maior, já que a doença não é curada mesmo após uma angioplastia ou até uma cirurgia de revascularização miocárdica (ponte de safena) bem sucedidas, procedimentos esses invasivos e de riscos bem conhecidos.
Os problemas que normalmente levam às doenças são decorrentes de alterações no metabolismo do seu corpo e com o coração não é diferente. São necessários vários anos “alimentando” essas modificações para que uma obstrução (entupimento) nas artérias coronárias aconteça, e as intervenções para controlarmos isso deverão ser sempre muito abrangentes, ou seja, somente a realização de procedimentos invasivos e uso correto das melhores medicações possíveis não serão suficientes para evitarmos um segundo evento.
Um infarto tratado com o melhor atendimento hospitalar disponível pode levar à morte em cerca de 6% dos casos (infelizmente, no Brasil só alguns poucos Hospitais, restritos aos grandes centros, conseguem chegar a esses números, hoje considerados baixos), sendo que 50% destas acontecerão antes do paciente conseguir chegar ao Hospital (em casa, na rua ou no trabalho), a maioria ocorrendo nos mais jovens.
Somente com um tratamento global, iniciado na chegada ao Hospital com o diagnóstico e tratamento corretos para o seu caso, durante sua internação com uma conduta uniforme oriunda de um pensamento uníssono (sem médicos diferentes assistindo você a cada dia), definindo se há outro(s) vaso(s) a ser(em) tratado(s) invasivamente nessa mesma internação, ou no pós alta, já em consultório, com a definição do momento correto para voltar às suas atividades habituais, ao trabalho e, complementarmente, além da projetar seu melhor tratamento medicamentoso a médio e longo prazos, programar as mudanças no seu estilo de vida que serão necessárias, assim como a realização de exames específicos nos momentos certos, mesmo com você assintomático, conseguiremos realmente estabilizar essa terrível doença, sempre visando viver mais e com a melhor qualidade possível.
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